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Governo em Rede entrevista comandante sobre atuação da Força Nacional na Capital

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Efetivo da Força Nacional trabalha juntamente com a Brigada Militar desde o final do mês de agosto
Efetivo da Força Nacional trabalha juntamente com a Brigada Militar desde o final do mês de agosto - Foto: Robson Alves/Brigada Militar
O comandante negou, no programa, que agentes não atuam nos bairros periféricos ou em zonas conflagradas de Porto Alegre
O comandante negou, no programa, que agentes não atuam nos bairros periféricos ou em zonas conflagradas de Porto Alegre - Foto: Daniela Barcellos/Palácio Piratini

O comandante do Policiamento da Capital, coronel Mário Ikeda, negou nesta quarta-feira (14) que agentes da Força Nacional de Segurança (FSN) não atuam nos bairros periféricos ou em zonas conflagradas de Porto Alegre com índices elevados de criminalidade. Em entrevista ao programa Governo em Rede da Rádio Web Piratini, o coordenador da operação entre Brigada Militar e FSN afirmou que os 136 agentes nacionais efetuam prisões, apreendem armas e drogas, trabalham em todos os turnos e fazem policiamento ostensivo em áreas estratégicas, incluindo regiões de vulnerabilidade. 

Duas semanas após a chegada do reforço, o comandante disse que a presença dos agentes de outros estados resultou em redução dos indicadores de criminalidade e aumento da sensação de segurança. No entanto, balanço oficial deve sair apenas no final do mês. Ikeda também tratou de temas como homicídios associados ao tráfico, despenalização das drogas, aumento do rol de crimes afiançáveis, retrabalho policial e necessidade de reformulação do sistema carcerário.

FN na periferia

O coronel explicou que a primeira semana de atividades foi dedicada apenas ao reconhecimento da cidade. "A partir da segunda semana, quando os agentes já estavam adaptados à cidade, as prisões se iniciaram e têm ocorrido diariamente, incluindo zonas periféricas e onde for necessário", informou. Outra dúvida da população era a de que os policiais não dariam voz de prisão. "Todos são policiais militares e, embora de fora do Rio Grande do Sul, têm o mesmo poder de polícia que os demais. A cada dia, eles prendem mais pessoas e apreendem armas e carros roubados", esclareceu.

Tráfico e homicídios

O aumento da criminalidade está diretamente associado ao consumo de drogas e à disputa das facções. De acordo com Ikeda, os números de homicídios ligados ao tráfico são o principal problema de Porto Alegre, representando mais de 50% dos casos. "É o crime que mais incomoda a população, principalmente quando sai da periferia e vem para as áreas centrais. Observamos que tanto a vítima quanto o autor são criminosos reincidentes, com passagem pelo sistema prisional e que foram devolvidos à sociedade sem cumprir penas", avaliou.

Despenalização das drogas

A despenalização da posse de drogas para consumo próprio em 2006 e o aumento do rol de crimes afiançáveis em  2011 também foram determinantes no incremento dos homicídios. "Antes, apreendíamos pequenas quantidades de maconha. Hoje, se encontra tijolo de um quilo em mochila de pessoas andando normalmente pelas ruas. O consumo está mais livre, aumentando o tráfico e a disputa pelo espaço", analisou. "Também cresceram os crimes conexos. Quando precisamos investir, economizamos. O criminoso não, ele comete roubos para ampliar o caixa e comprar mais droga, gerando tráfico e crimes relacionados", acrescentou. 

Retrabalho e vagas em prisões

Com base em estimativas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que indicam que a reincidência criminal gira em torno de 70%, pode-se supor que sete em cada 10 criminosos liberados no sistema penitenciário voltam ao crime. Isto provoca o que a BM chama de retrabalho policial, um problema que gera prejuízos à sociedade, principalmente, em tempos de crise financeira. 

Ikeda lembra que muitos deles voltam às ruas e acabam cometendo latrocínio. "É necessário mudarmos a legislação ou o cumprimento dela para que não tenhamos de sofrer com o retrabalho. É normal prendermos mais de uma vez delinquentes perigosos, incluindo vítimas e autores de homicídios. Isso cria sensação de insegurança e sentimento de impunidade".

Por fim, o comandante refletiu sobre a necessidade de reformular o sistema carcerário, que sofre com a superlotação e falta de vagas. Na opinião dele, o problema chegou ao nível alarmante de manter presos em delegacias até que haja disponibilidade de vagas. "Tem momentos em que precisamos deixá-los aguardando dentro da viatura até que possamos encaminhá-los aos presídios", finalizou.



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Texto: Gonçalo Valduga
Edição: Léa Aragón/Secom

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